Não que gosto muito de escrever mas como a A me desafiou para o fazer (
aqui), aqui estou eu, para vos mostrar o outro lado da paternidade, o lado do pai.
Quando vejo os meus amigos a falarem que estão cansados e precisam de descansar é inevitável rir e digo-lhes para experimentarem ter dois filhos que depois falamos sobre o que é na realidade estar cansado.
Ter um filho ainda vá que não vá, mas ter dois é diferente. É um desgaste gigante que só quem tem é que compreende o que digo. Em jeito de brincadeira estou sempre a dizer que "vendo o F" "para quem quiser, até o ofereço", claro que não passa de uma brincadeira, mas muitas vezes é o cansaço acumulado a falar mais alto.
Sempre fui muito imaturo, "palhaço", engraçadinho e acima de tudo bem disposto, não que o tenha deixado de ser após ter sido pai mas os filhos obrigam-nos a crescer.
Ser pai obriga-nos a ajustar a nossa maneira de ser, é uma responsabilidade muito grande nos nossos ombros, afinal seremos sempre o exemplo de alguém, arrisco mesmo a dizer que tive de assumir outras obrigações que até então estavam esquecidas.
Com isto não quero dizer que deixei de ser eu, mas comecei a ver a minha vida com outra perspetiva. Onde mudei bastante foi na entreajuda com a A, senti que estava na altura de participar mais na casa, não que a A me "desse na cabeça" mas porque lhe via no rosto muito cansaço acumulado por ter de estar sempre presente com os Baby's, um deles nada fácil. E depois ainda tinha a nossa casa para cuidar.
E por livre vontade percebi que estava na altura de ajudar, comecei por aspirar, fazer a cama e arrumar as coisas. Sou sincero, não fiz por achar que senão o fizesse ía "levar na cabeça", mas fi-lo porque lhe devo respeito e para mim ser mãe é algo com uma dimensão tão grande que nós pais nunca vamos perceber, ser mãe não é nada fácil e para quem acha que ser pai é igual a ser mãe é absolutamente mentira pois nós não aguentamos nem metade do que uma mãe aguenta.. são uma força que nunca vi!
E por tudo isto mudei e ajudo muito mais do que ajudava.. por respeito e não por obrigação.
Ser pai só para dizer aos amigos não serve de muito... prefiro ser aquele pai que pode ficar com eles o fim de semana sozinho e saber o que fazer, do que aqueles pais que ficam uma hora com eles e já estão a chamar a mulher porque não sabem mudar a fralda ou o que dar de comida.
Podia aproveitar este tempo de antena para falar sobre como a A deixou o cérebro no bloco de partos ou como deixou de ter memória ou que se irrita muito mais facilmente mas não o vou fazer porque sou um marido querido.
Mas embora não seja fácil, não há compensação melhor do que chegar a casa e ter o T a correr na minha direção para me dar um abraço a gritar "olá" e ver o sorriso estampado na cara do F só porque me viu. Tudo isto é um sentimento indescritível. E nesse momento esqueço tudo.
Quando vamos estar um dia sem eles (porque vão passear com os avós) ficamos "aliviados" porque sabemos que vamos ter algum tempo para descansar mas depois ao mesmo tempo ficamos logo com uma sensação de vazio, parece que deixou de fazer sentido estar sem aquele barulho de fundo.
Por fim, quero falar um pouco do T. E aqui são poucas as palavras que encontro para falar dele, não consigo explicar o sentimento que tenho por ele, muitas vezes a A até se chateia porque acha que eu gosto mais do T do que do F, o que é absolutamente mentira mas o Tomas é especial, é o T! Ele é a minha cara "chapada" e não o mudava por nada deste mundo, para mim ele é perfeito exatamente como é. Sou um sortudo em o tê-lo como filho. E até já disse ao meu amigo M "já aprendi muito mais com o T do que ele comigo" e sei que vou continuar a aprender porque um coração como o dele é único.
Como costumo dizer é o "meu puto" e nada nem ninguém o vai magoar, para isso vão ter que passar por cima de mim.
BPV