O sistema educativo português oferece um ensino gratuito a partir dos três anos de idade, dando-se início ao ensino pré escolar.
Este período sério de aprendizagem através da brincadeira e do desenvolvimento de competências motoras, linguísticas, emocionais e sociais, representa uma fase de muita importância, se não a mais importante, no desenvolvimento socioeducativo de uma criança. É neste período que se lançam as sementes que depois irão florescer ao longo do percurso escolar e educativo das crianças.
Aos seis anos em Portugal, sete, noutros países, tal como a Finlândia, as crianças integram o primeiro de quatro ciclos de escolaridade obrigatórios, segundo a lei atual portuguesa: 1º, 2º e 3º ciclos do ensino básicos e o ensino secundário. Nesta fase, supostamente a criança atinge a maturidade cerebral que a permite avançar nos conhecimentos que se irão tornar cada vez mais complexos e abstratos e também deverá ter uma maturidade emocional para lidar com a resolução de problemas, a gestão da frustração, o autocontrolo e a autonomia que a entrada para a escola exige.
Neste sentido, quer a entrada para o jardim de infância (creche), quer para o primeiro ciclo são momentos vividos com alguma ansiedade e preocupações para os pais que, consequentemente, pode ter impacto nas crianças. São períodos de decisão difíceis, em que é exigidos às crianças e aos pais um corte com uma certa zona de conforto e de controlo relativamente à sua educação e desenvolvimento.
Contudo, a boa notícia é que, por norma, com quanto mais naturalidade estas etapas forem vividas, maior é a probabilidade de as coisas correrem bem. Como é natural, há sempre um período de adaptação para todos (crianças, pais e restante família, educadores e professores, etc) que deve ser respeitado.
Por esta altura, várias são as famílias que estão perante esta tomada de decisão: Os pais das crianças de 2/3 anos que têm tido o privilégio de estar em casa com os avós, amas ou outros familiares que se questionam se estará no momento do seu filho conviver com outras crianças num ambiente de aprendizagem e de estimulação cognitiva, que é sempre diferente daquela que se tem no contexto familiar (a não ser que o cuidador da criança tenha formação pedagógica e desenvolva essas competências, tal como acontece no ensino doméstico, sendo este uma opção cada vez mais procurada por famílias portuguesas), assim como o caso das crianças com 5/6 anos que pela sua idade poderão estar em situação de matrícula no 1º ano de escolaridade. À partida, qualquer criança que faça 6 anos até ao dia 15 de Setembro do ano letivo que inicia, estará em condições de se matricular no 1º ciclo. Os alunos que celebrarem o seu aniversário após essa data, poderão ou não optar pela matrícula no 1º ano, sendo que no caso da inscrição, existe o risco de não conseguirem vaga, uma vez que são alunos condicionais, não sendo considerados como prioritários. Neste caso, será importante realizar a matrícula em mais do que um estabelecimento de ensino, e simultaneamente no jardim de infância, para que possa ter sempre uma vaga garantida no ensino público.
Foquemo-nos na entrada para a segunda “Escola dos Grandes” (1°ano):
Como saber se é o momento certo?
A resposta está inteiramente no seu filho. Cada criança é única e especial, sendo importante conhecê-la nas suas diferentes dimensões e para isso, por vezes é importante recorrer à opinião da educadora, dos médicos e outros técnicos que acompanham a criança, assim como à opinião dos familiares próximos e atentos ao desenvolvimento da criança. A decisão será sempre sua, mas não se esqueça que conhece o seu filho enquanto filho, mas que também é importante ter uma perspetiva da criança noutros papéis sociais, nomeadamente enquanto aluno. A educadora pode ser uma grande aliada nesta tomada de decisão, tendo um conhecimento aprofundado
das dimensões cognitivas, sociais e emocionais da criança. Estas três dimensões envolvem competências tais como: a motricidade, a linguagem, o raciocínio, a atenção, a memória, a resistência à frustração, a persistência na tarefa, o conseguir controlar os seus impulsos, a autonomia, a socialização, entre outras.
Como se vê, são precisos vários requisitos para que a entrada para a escola possa ser feita com alguma segurança, no entanto, nem todas as crianças atingem os mesmos patamares na mesma altura nem da mesma forma, sendo, por isso, importante conhecer bem a criança e sobretudo não ter pressa de saltar etapas nem que ela cresça depressa ou devagar demais.
Respeitar o ritmo do seu filho pode ser uma importante aprendizagem e, geralmente, é sempre a decisão mais acertada.
O que muda na entrada para a escola?
O espaço normalmente é uma mudança de peso na entrada para a escola. Muitas vezes é dentro do mesmo recinto onde a criança frequentou o jardim de infância, contudo, o edifício muda assim como a própria imagem da sala de aula. A principal diferença, na maioria das escolas, é que de uma disposição de mesas em grupo, passa-se para mesas individuais ou a pares, o famoso tapete e os adorados cantinhos de brincadeira desaparecem para dar lugar a móveis de organização para os livros e cadernos escolares. No ensino tradicional, a sala passa a ser um lugar de trabalho em que os brinquedos ficam apenas a assistir, tendo a brincadeira lugar apenas no recreio, que parece sempre pouco para a energia que há para gastar.
Pode ser importante fazer uma visita com o seu filhos, à escola/instalações novas para que o conhecimento prévio do espaço possam trazer maior segurança para todos.
Na maioria das escolas os horários são mais rígidos relativamente ao jardim de infância e as orientações das escolas regem-se pelo estatuto do aluno que prevê aspetos tais como as faltas, a (in)disciplina, a participação do encarregado de educação na vida escolar do aluno, etc. Seja um modelo para o seu filho relativamente ao respeito a ter pela instituição escolar e pelo direito de aprender: respeite os horários, faça um esforço por entender as regras e normas da escola, passando essa mensagem ao seu filho, reforçando sempre a importância da figura do professor.
Os conteúdos pedagógicos alargam-se e aprofundam-se. São solicitadas cada vez mais competências às crianças para que possam acompanhar um currículo que por vezes vai para além do que é possível exigir ao cérebro de uma criança. Todavia, a possibilidade de evolução e a sensação de progresso é das sensações melhores que se poderá dar a uma criança em idade escolar. A partir de agora, poderão ser elas a ensinar os adultos certas coisas que estes há tanto tempo já se esqueceram. Isso traz-lhes uma sensação muito grande de eficácia e de importância.
Permita que o seu filho fale consigo e lhe mostre o que aprendeu, reforce o quão importante é cada aprendizagem e faça um elogio por cada vitória alcançada.