Voltem filhos!

28.10.18
No ser mãe também faz parte respirar fundo, fazer-lhes as malas, dar-lhes um beijinho e dizer-lhes até já.

E se antes ainda me achava aquela mãe descontraída que gosta também do seu tempo e de viver um pouco para ela enquanto os filhos estão longe, na sexta feira ao fazer-lhes as malas percebi que essa mãe que achava que existia, nunca passou de ficção mera ficção da minha cabeça.

Não é fácil fazer-lhes as malas, sabendo que estarão dois ou três dias sem mim, é um aperto no coração inexplicável. Não que não se confiei nos avós mas porque eles embora sejam do mundo são muito nossos.

É como se o coração de mãe tivesse ligado a cada coração de filho por um fio fininho quase invisível e talvez seja por isso que qualquer coisa que lhes aconteça ou separação nos custe imenso.

Tenho noção que podia ter aproveitado muito mais, que podia ter descansado como devia, que devia ter passeado de mãos dadas, que podia ter me divertido ainda mais mas perfeita noção que essa felicidade que tenho dentro de mim jamais pode ser vivida e gozada sem eles.

Nesta fase já devia estar mais descomplicada, devia estar mais liberal, mas pelo vistos a idade não me deu isso pelo contrário. Quanto mais os tenho comigo mais quero estar.

Sofri, chorei pelos cantos da nossa casa por não lhes sentir o cheiro e por não lhes ouvir as suas gargalhadas, e até o acordar silencioso foi esquisito pois a nossa cama passou a ser muito grande só para dois.

Não foi fácil gerir estes dois dias sem eles, senti que tive tempo a mais e que me perdi nele.

Nunca pensei que me encontrasse neste nível emocional e percebi que a prática é muito mais que qualquer teoria.

Agora, voltem filhos! Porque eu preciso ainda muito de vocês e os meus braços estão loucos à vossa espera.


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