A decisão da paternidade, quando feita em consciência, é o maior ato de coragem e de amor que alguém pode ter. É também a mais profunda oportunidade da vida para se visitar os lugares mais assustadores e mais bonitos do coração.
Quando nasce uma criança, nasce consigo uma mãe, um pai, um irmão (quando é o caso), toda uma nova família. O processo repete-se com cada criança que cada família recebe, pois as características das crianças, a experiência dos pais e o momento da vida do nascimento, tornam cada situação única.
Que mulher nasce numa mãe quando sente o seu bebé a crescer dentro de si e a depender de si para viver? O que sente o homem que deixa de ser o centro das atenções da mulher com quem escolheu partilhar a vida? O que acontece a uma relação que soma novos elementos à sua equação a dois?
Porque é que as pessoas têm filhos?
A resposta a esta questão tem sofrido algumas alterações ao longo do tempo, de acordo com a evolução da sociedade, da ciência e da industrialização. Se nas sociedades agrárias, as famílias tinham muitos filhos e a taxa de mortalidade infantil era muito elevada, ter vários filhos aumentava a probabilidade de alguns atingirem a maturidade e ajudarem as suas famílias no trabalho.
No que diz respeito aos tempos atuais, a perspetiva de ter filhos é vista de formas distintas. Nos Estados Unidos, foram estudados 600 casais nos primeiros 6 anos de casamento e a maioria via as crianças como uma necessidade de ter “uma verdadeira vida familiar”, como fonte de amor e afeto e como amortecedores contra a solidão. Contudo, também viam desvantagens na parentalidade: mudanças no estilo de vida, custos financeiros e problemas de carreira para as mulheres. Quase metade destes casais avaliaram outros valores – uma carreira satisfatória, tempo para estar com o cônjuge, dinheiro extra ou uma casa arrumada e ordenada – tão ou mais importantes do que ter filhos (Neal, Grout, & Wicks, 1989). Outro fator determinante é a continuidade da espécie e do código genético de cada indivíduo.
A Mãe e o Pai
De acordo com Papalia, D., Olds, S.W., Feldman, R.D. (2001), a decisão, o momento e as circunstâncias da parentalidade podem ter vastas consequências para uma criança e para o respetivo casal. Se um nascimento foi planeado ou acidental, se a gravidez foi desejada ou não, a idade dos pais, o relacionamento do casal, as expetativas em relação à parentalidade, as condições socioeconómicas, etc.