A discriminação é das perguntas que mais me fazem.
Nunca o senti, não que não tenha havido (penso eu) mas porque eu não estou à procura de olhares discriminatórios e acredito que isso é muito importante para nos sentirmos bem e confiantes.
Desde o primeiro dia que tive a confirmação da trissomia 21 do T não hesitei por um minuto em dizer a todos os meus amigos e familiares a realidade, e com algum choro à mistura, mostrei que o Tomás seria sempre o Tomás. Ao mesmo tempo falei com familiares a sorrir e isso fez de mim "louca" mas o espanto de as pessoas ao verem a minha reação acabava por mostrar que não havia grandes motivos para lamentações.
Não havia margens para olhares diferentes, essa era a minha preocupação.
E se eu queria que o T fosse aceite por todos, tinha de ser eu a primeira a aceitá-lo tal como ele era e e assim foi sem qualquer preparação prévia mas com uma enorme vontade de mudar mentalidades. Abracei-o ainda na sala de partos e jurei-lhe isso.
Nunca mais me esqueci desse juramento e desde então que andamos de mãos dadas. Sinto um orgulho gigante nele, e um respeito sem medida naqueles olhos achinesados e acho que o meu filho é só a melhor coisa que me aconteceu em 35 anos.
É este meu orgulho e e felicidade que carrego no rosto que não dá margem para a discriminação.
Confesso que nunca o senti, ando com ele da mesma forma que ando com o FM, com o mesmo brilho no olhar, sem receios do que as outras pessoas possam pensar. E o segredo é este mesmo. As pessoas até podem falar, até podem olhar, até podem sentir pena mas vão perceber ao mesmo tempo que somos felizes.
Sei que o caminho ainda está no inicio, tenho noção que existe discriminação, acredito que algum dia a vá sentir mas não estou focada nisso. A discriminação é só um sinal de ignorância de quem o faz.
Quando digo que o meu filho tem Trissomia 21, digo-o com um sorriso nos lábios e isso acaba por desarmar qualquer pena ou preconceito que possa haver.
Afinal de contas apenas sou uma mãe feliz tal como todas as outras.
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