Sente o meu abraço

16.6.19
Assim que descobri que estava grávida percebi que o mês da  MC seria Junho e desde aí soube que pela primeira vez não estaria ao lado do T num dia tão importante para ele, para a sua terapeuta e para nós.

Um método com um trabalho árduo, em que é preciso abdicar de muito mas que acreditamos desde sempre na sua eficácia.

Assim que chegaram as datas para a avaliação, tremi pois batia certo com a semana entre as  39 e 40 semanas. Respirei fundo mas acreditei que nessa altura já a teria nos meu braços e que iríamos todos.
Nunca duvidei, estava convicta mas talvez tenha sido o meu positivismo a falar mais alto.

Foram marcados quartos no hotel com as várias possibilidades até que hoje tomo a mais dura decisão. O T vai com a terapeuta e com a minha mãe e nós ficamos.

Ir era um risco muito grande e sinceramente podia ter um preço demasiado alto ao qual não estava disposta a pagar.

É aqui que entra a dureza de quando somos mães de mais que um filho, há alturas na vida que é preciso escolher, não se trata de amor mas sim de racionalizar o que é bom para todos e desta vez o meu lugar não era ir.

A quatro horas da minha casa e do hospital podia ser prejudicial para o meu bem estar e da MC. O coração teve de ser posto de lado e a cabeça teve de assumir o seu comando.

Não é fácil, sinto que fazia ali falta, sinto que esta luta não é só dele e da terapeuta mas sim muito minha. Queria ser eu a vê-lo uma vez mais a dar tudo o que tem numa avaliação que muitas vezes chega a ser ingrata pois em duas horas são avaliadas o trabalho de seis longos meses. 
Queria ser eu a ter o meu coração a bater mais forte, queria ser eu a olhar para ele e a dar-lhe a maior força e coragem do mundo. Queria ser eu a aplaudi-lo de pé, queria ser eu a festejar mais esta vitória junto dele, queria ser eu a primeira a dar-lhe aquele abraço e os parabéns.

Infelizmente não serei eu a assistir na primeira fila para tamanha grandeza, estarei nos bastidores, atrás de um telefone a contar cada segundo até ter notícias vossas.

Apenas quero que me sintas mesmo a 400kms de distância.

Agora meu filho, basta de beijinhos e abraços, vai com o teu sorriso e mostra uma vez mais que vieste ao mundo para vencer e para ser muito mais que um cromossoma.

Sente o meu abraço mesmo que longe porque apenas este nosso amor foi separado por uma distância de tempo.

Agora, vai com tudo que a mãe estará aqui à janela a ver-te chegar!

Um abraço da tua mãe



2 comentários:

  1. O amor de mãe não tem barreiras. O Tomás é um menino corajoso e feliz.
    Parabéns mãe!

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  2. Que lindo texto e linda fotografia. Beijinho grande

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