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22.10.19
Ao todo são 10 meses de descobertas.

Começa com uma simples risquinha que nos faz palpitar o coração e que nos faz rir e chorar ao mesmo tempo.

O som do coração passa a ser a nossa melodia preferida e vivemos ansiosas pela próxima vez que a voltaremos a ouvir.

Cada ecografia é um misto de sentimentos, entre o medo de estar alguma coisa menos bem e uma felicidade imensa de o vermos através de um écran.

Enjoamos, desejamos e vemos o nosso corpo ser transformado por um amor maior. Passamos de nome próprio a mãe em instantes.

Há quem goste e odeie. Aqui não existe o certo ou errado ou quem ame mais ou menos, depende sim de vários factores. Felizmente sempre tive gravidezes santas e como tal adoro. Não me custa ver o corpo a transformar-se porque para mim não existe nada mais grandioso que gerar uma vida dentro de nós. 

O terceiro trimestre é o mais duro, já nos sentimos muito pesadas, ficamos sem energia e a ansiedade de ter tudo pronto aumenta a cada dia.

Pelo meio somos assombradas pelos "se's": E se não corre bem? E se serei boa mãe? E se vou conseguir amar a dobrar ou triplicar? E se o parto corre mal? 

O segredo aqui é não pensar muito, e entregar a nossa vida ao universo.

O que é certo é que estes nove meses passam e a nossa vida muda em segundos. O nosso "eu" fica naquele bloco de partos e em simultâneo ganhamos um novo "eu".

Aprendemos a dois e a três a viver ali, da forma mais carnal e crua que existe.

Pelo meio estamos emocionalmente instáveis, sentimo-nos vulneráveis e somos engolidas por um cansaço que nos consome todos os dias mais um pouco.

Choramos e rimos, somos felizes e infelizes em simultâneo. E se tudo deixa de ter importância outras assumem uma relevância que nos descompensa por completo.

Vivemos grudadas num ser que depende nós e na esperança de voltarmos a ter identidade e uma liberdade que nunca mais chega.

É o espelho, é a pressão da sociedade para que voltemos a ser a mesma mulher que engravidou à  nove meses.

É uma luta connosco, com o nosso querer, com o que "fica bem" nos olhos dos outros, com as nossas vontades ou a falta delas.

Vivemos numa autêntica montanha russa mas com a certeza que não trocaríamos cada dor, cada olheira por nada. Afinal nunca fomos tão felizes e cheias de "tudo".


Centrimagem

1 comentário:

  1. Adoro cada letra que forma cada palavra que descreve cada sentimento, loucura, emoção que passa desde dentro de nós passando por cada ponta do corpo, até lá dentro do nosso coração até as lágrimas que por vezes derramamos! Adoro ser mamã (2 viagem) e voltaria a repetir tudo com fiz! Obrigada por cada inspiração 3 força que as vezes precisamos! Um bem haja para ti, para os tesourinhos e toda a família! ����������❤️❤️����

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