Das perguntas que mais me fazem é se mantive a mesma equipa médica nas outras gravidezes. Se fui à luta? Ou se simplesmente a mantive.
E para espanto de muitos eu nunca tentei arranjar culpados, mesmo quando me o incentivaram a fazer.
E a razão no (meu caso) é simples, de que me valia lutar por uma causa perdida? O T já cá estava, e ainda bem, a sua trissomia nunca o largaria. As minhas energias não podiam estar centralizadas numa luta sem fim mas sim no seu desenvolvimento. Foi aqui que uni esforços e lutei até aos dias de hoje.
Isto porque não senti que tivesse havido culpados. O T escapou aos olhos do "Guro" das ecografias e do meu médico que considero um dos melhores de Portugal.
E ainda bem!! Continuo a dizer que não saberia qual a minha decisão se tivesse descoberto ainda na gravidez e assim fui poupada a essa decisão tão difícil.
Não me adiantava encontrar culpados, além de não os ir encontrar, só me iria desgastar emocionalmente pois não passava de uma causa perdida.
O meu caso não é igual ao do bebé que nasceu sem rosto. Isto sim é uma guerra que deve ser levada ao extremo pois é inadmissível passar através de um ecrã tamanho erro. É negligência médica da forma mais pura que há.
O meu caso, é comum e acontece mais vezes do que se possa imaginar. Não tanto por negligência médica mas por questões de probabilidades. Todos os exames que fazemos são baseados em marcadores e estimativas, em momento algum o que se vê através de um ecrã corresponde a 100% à realidade. Exemplo disso foi a MC: às quarenta semanas dava uma bebé muito pequenina, percentil quinze, entre os 2700kg e 3200kg e nasceu com quarenta e uma semanas com 3685kgs e quase 52 cm. Se havia bebé grande era a minha.
Assim que o T nasceu tudo foi revisto minuciosamente e todos os marcadores estavam lá, não havia nada que indicasse o seu cromossoma extra.
A trissomia 21 livre é isto mesmo, é algo livre, que acontece porque sim, sem qualquer historial. É uma anomalia genética causada pela presença integral ou parcial de uma terceira cópia do cromossoma 21.
Em momento algum senti que não fui bem acompanhada antes e depois do parto. Os meus médicos deram sempre a cara, ficaram preocupados tal como eu e tentaram sempre reconfortar-me perante a situação.
Por isso assim que descobri que estava grávida do FM repeti tudo da mesma forma. Era o Professor Jorge Lima que queria ao meu lado e mais ninguém. Era a sua praticidade e serenidade que precisava.
Um médico que nasceu para fazer nascer bebés e mães, que no ampara nas quedas, que nos dá pouca conversa para "navegar pela maionese", mas que nos dá a maior confiança do mundo. Na dúvida é sempre a ele que recorro, hoje é medico de muitas amigas minhas e espero que tenha sempre uma percurso profissional de ascensão porque se há medico dedicado é este.
No dia do parto do FM tive exatamente a mesma equipa médica do FM, uma pura coincidência e aí lembro-me de chorar muito, não queria ver aquela equipa uma vez mais ali porque embora bem resolvida com o nascimento do T deixou sempre alguma "mágoa". Senti aqueles nervos todos da equipa porque parecia que a responsabilidade tinha aumentado a 100% por ser eu a estar naquele bloco de partos. Mas aquele jeito simples do meu médico fez-me esquecer, respirar fundo e viver o momento da forma mais feliz que podia.
Não podemos esquecer que os médicos são pessoas, acertam e erram uns por culpa outros sem. Deviam ser julgados como todas as outras profissões mas infelizmente existem muitos valores por detrás da justiça. Não deveria ser assim mas ainda o é.
Por isso na via da dúvida o melhor é escolher um médico referenciado e que nos transmita confiança, isso é o mais importante.
Afinal são eles que nos dão a nossa vida.