Pela Paz das nossas crianças

22.12.19
Sou a favor da Verdade!

Não consigo fingir algo quando não o sinto, talvez até tivesse mais a ganhar se o fizesse mas desculpem-me não sei viver sem veracidade.

Eu só posso ser feliz quando a verdade anda do meu lado, caso contrário não faz sentido, a vida é para ser vivida tal como ela é, sem o "faz de conta", sem filtros.

Por isso talvez tenha estado ausente desde sexta-feira, uns estranharam outros nem tanto, mas desculpem-me por mais que quisesse não conseguia mostrar uma fotografia da festa de Natal do T sem que esta viesse acompanhada com "verdade".

Talvez as minhas expetativas tivessem muito altas, não sei... já pensei muito, já tentei verbalizar o que senti mas há coisas na vida que simplesmente se sentem.

Pela primeira vez senti que o T foi ofuscado por um conjunto de decisões alheias a ele. Talvez tenha sido o papel pouco interativo que teve ou pela posição que tomou no palco, ou pelas alterações que fizemos constantemente entre as terapias e a escola que se reflectiram em palco.

Não sei...

Só sei que não gostei de o ver porque esperava muito mais e para a próxima prometo que vou sem expetativas para que consiga usufruir do momento tal como é, sem floreados e sonhos.

Na verdade aquilo é só uma festa de Natal e não é uma corrida de estrelas mas todos os pais gostam de ver os seus filhos a brilhar. E quem disser o contrário, que atire a primeira pedra.

Contudo a mensagem da festa de Natal foi espetacular. Senti um orgulho gigante em ter os meus filhos naquela escola. Que mensagem, que lição para nós adultos!

Natal Sustentável , foi esse o tema, falou-se de família, de presentes, do plástico e dos oceanos. E ver uma futura geração a passar essa mensagem, faz-nos pensar e repensar no mundo em que vivemos.

Mas o que me doeu na alma, não foi o papel do T em palco. Porque para mim independentemente de tudo foi o Soldadinho de Chumbo mais giro daquele palco. Estava um querido, e desempenhou o papel na perfeição e ainda me ri bastante com ele.

O que me doeu na realidade, foi assistir ao que eu vi, do lado oposto ao meu, vi o meu filho a ser pontapeado nas costas por outra criança, mesmo quando o T pediu para que parasse, ele continuou, e só parou quando a professora se chateou.

De longe assisti, levantei-me e disse ao meu marido que já vinha. Fui em direcção ao T e ali fiquei a assistir de joelhos a tudo, frente a ele, sem perder de vista a criança que lhe bateu e que estava atrás dele.

Acho que o meu coração nunca bateu tanto, os meus olhos eram de lince, à espera do momento certo.
Deixei de ouvir e de ver, ceguei completamente! E no momento que voltou a ser gozado e mal tratado por essa mesma criança, levantei-me e corri para o palco, como uma leoa em defesa da sua cria.

Disse-lhe olhos nos olhos, que se ele voltasse a bater mais ao Tomás eu ia tomar medidas. No meio de uma festa de Natal com mais de duzentas crianças em placo estava eu a defender o meu filho. Poucos se aperceberam do que aconteceu, porque foi tudo muito rápido mas aconteceu e é incrível isto acontecer numa festa onde se celebra o amor e a paz. É impossível não questionar onde estão os valores daquela criança que mais tarde vai crescer...

O Bullying existe, não é nenhuma brincadeira, afecta vidas, destrói famílias e sonhos e cabe a nós lutarmos contra isso.

Não é fácil lidar, cada pontapé que vi, era como facas a espetar no meu coração. Que dor!

E assim uma festa que tinha tudo para ser bonita, com uma das melhores mensagens, é destruída em  três tempos por uma criança de cinco anos que se acha superior ao outro.

Desculpem! Podia ter escrito que tinha corrido tudo bem e que tinha sido mais uma festa fantástica mas para além de vos mentir, estava a mentir a mim própria.

E este cantinho faz parte de mim, e quem me lê pode ter a certeza que só vai encontrar verdade.

Desejo mais paz no mundo, por nós mas acima de tudo 3pelas nossas crianças.

Um beijinho












9 comentários:

  1. Que grande mãe, muito obrigada por mais uma partilha real. Infelizmente triste, mas real 🙄
    E um beijinho muito grande nesse coração.
    Feliz Natal aos 5.

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  2. Olá. Sigo o seu blogue há imenso tempo. No entanto, nunca comentei. É dos únicos blogues que sigo. Contudo, ao ler este seu texto arrepiei-me é fiquei com lágrimas nos olhos, logo, não poderia deixar de lhe escrever algo. Tenho 2 filhos maravilhosos (claro, são meus��) e entendo perfeitamente as suas palavras. Eu, no seu lugar, teria feito exactamente o mesmo. É muito complicado, pensarmos sequer que os nossos filhos poderão sofrer nas "mãos" de outras crianças. Compreendo também quando diz que tinha tudo para ser um dia fantástico e acabou por ser talvez, um dos piores... Fique tranquila, relaxe e se o seu coraçãozinho ficar mais descansado, dê uma palavrinha à educadora para perceber melhor o porquê do que aconteceu... Vai ver que foi momentâneo. Um grande beijinho e um feliz Natal, cheio de saúde, paz e amor.

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  3. Andreia, tudo isto parte do que existe em casa... infelizmente ainda há muito... como sempre desempenhou o seu papel na perfeição... sabe o que me e veio à ideia? É pode até achar parvoíce... A dor de Maria ao ver Jesus em sofrimento �� mas o Tomás é um menino espectacular, com uma família linda e aquelas fotos estão espectaculares, imagino ao vivo! Um beijinho muito grande

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  4. Penso que essa criança de 5 anos e a sua família tem muito de aprender com o seu Tomás e a sua família...bjs e tudo de bom

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  5. Que crueldade 😭 nem consigo exprimir o que senti a ler este post 😭 beijinho e boas festas Andreia com muito amor que é coisa que felizmente não deve faltar nessa casa 😘

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  6. Até chorei ��. Faria o mesmo. Imperdoável

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  7. Olá Andreia, senti na pele o mesmo este ano. No meu caso foi o inverso (nao que isso seja fator ou desculpa, sou educadora e mãe, e para mim todas as crianças sao iguais). Durante a festa um menino 2 anos mais velho com NEE, deitou o meu filho 3x ao chão, pedi à coordenadora (que estava mais perto de mim) que fosse la intervir e a Sra limitou-se a colocar o meu filho ao fundo da sala, encostado à parede e pediu para ele nao ir ter com o outro menino. Na hora nao gostei, o meu marido foi falar com ela e perguntou se era a atitude correta, ela ainda ficou indignada e assim que a festa terminou fomos embora, ja nao ficamos para o lanche habitual de natal.
    No dia seguinte chamou-me e veio perguntar-me o que queria que ela fizesse, apenas lhe disse que gostava de tivesse falado com o outro menino, que se tivesse colocado entre ambos, que agisse. A sra disse que nao era a educadora do meu filho e nao devia fazer nada e ainda teve a distinta lata de me perguntar se estava descontente porque nao mudava o menino de escola �� fiquei pasmada. Como podem haver educadoras assim?a sra sendo coordenadora é responsável por todas as crianças, a ela e à restante equipa cabe evitar estas situações mas ao olhos dela agiram bem e nós pais é que estivemos mal.
    Esta situação mostrou-me que nao adianta ser corretos em casa e ensinar os nossos filhos a praticar o bem se na escola, as responsáveis, não trabalham para o mesmo fim ��
    Neste momento estamos à procura de nova escola e quem vai sofrer é o menino com a mudança.
    Bem-haja à Andreia que luta para que todos os "Tomases" sejam iguais aos "Manueis" e às "Marias" porque a diferença está em quem a vê apenas �� beijinho e boas festas para vocês.

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  8. Sei muito bem da revolta, da sensação de cegueira, desnorte, angústia e profunda tristeza.

    E é por ter vivido o que descreve que a alerto: vão tentar fazê-la passar por exagerada, hiper-reactiva, a origem do problema. Vão dizer-lhe que, nesse contexto, o termo "bullying" é desproporcionado. Não ouça. Não ponha em causa o bom senso nem o civismo. O que viveu foi mesmo um episódio de bullying na sua forma mais feia e arrepiante, por ter como protagonistas duas crianças de 5 anos.

    Não pare,Andreia,não se cale. Do lado de cá só espero que a mãe do pequeno destituído leia esta sua publicação e reflita. Para essa mãe a minha última palavra: alguma coisa está a correr muito mal na formação desse filho. Se não consegue fazer melhor , peça ajuda URGENTE.

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  9. Andreia, o meu coração está com o seu! Tinha feito igual fosse mãe do T ou do outro menino, nunca poderia ficar impávida. Um beijinho e parabéns.

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