Não consigo fingir algo quando não o sinto, talvez até tivesse mais a ganhar se o fizesse mas desculpem-me não sei viver sem veracidade.
Eu só posso ser feliz quando a verdade anda do meu lado, caso contrário não faz sentido, a vida é para ser vivida tal como ela é, sem o "faz de conta", sem filtros.
Por isso talvez tenha estado ausente desde sexta-feira, uns estranharam outros nem tanto, mas desculpem-me por mais que quisesse não conseguia mostrar uma fotografia da festa de Natal do T sem que esta viesse acompanhada com "verdade".
Talvez as minhas expetativas tivessem muito altas, não sei... já pensei muito, já tentei verbalizar o que senti mas há coisas na vida que simplesmente se sentem.
Pela primeira vez senti que o T foi ofuscado por um conjunto de decisões alheias a ele. Talvez tenha sido o papel pouco interativo que teve ou pela posição que tomou no palco, ou pelas alterações que fizemos constantemente entre as terapias e a escola que se reflectiram em palco.
Não sei...
Só sei que não gostei de o ver porque esperava muito mais e para a próxima prometo que vou sem expetativas para que consiga usufruir do momento tal como é, sem floreados e sonhos.
Na verdade aquilo é só uma festa de Natal e não é uma corrida de estrelas mas todos os pais gostam de ver os seus filhos a brilhar. E quem disser o contrário, que atire a primeira pedra.
Contudo a mensagem da festa de Natal foi espetacular. Senti um orgulho gigante em ter os meus filhos naquela escola. Que mensagem, que lição para nós adultos!
Natal Sustentável , foi esse o tema, falou-se de família, de presentes, do plástico e dos oceanos. E ver uma futura geração a passar essa mensagem, faz-nos pensar e repensar no mundo em que vivemos.
Mas o que me doeu na alma, não foi o papel do T em palco. Porque para mim independentemente de tudo foi o Soldadinho de Chumbo mais giro daquele palco. Estava um querido, e desempenhou o papel na perfeição e ainda me ri bastante com ele.
O que me doeu na realidade, foi assistir ao que eu vi, do lado oposto ao meu, vi o meu filho a ser pontapeado nas costas por outra criança, mesmo quando o T pediu para que parasse, ele continuou, e só parou quando a professora se chateou.
De longe assisti, levantei-me e disse ao meu marido que já vinha. Fui em direcção ao T e ali fiquei a assistir de joelhos a tudo, frente a ele, sem perder de vista a criança que lhe bateu e que estava atrás dele.
Acho que o meu coração nunca bateu tanto, os meus olhos eram de lince, à espera do momento certo.
Deixei de ouvir e de ver, ceguei completamente! E no momento que voltou a ser gozado e mal tratado por essa mesma criança, levantei-me e corri para o palco, como uma leoa em defesa da sua cria.
Disse-lhe olhos nos olhos, que se ele voltasse a bater mais ao Tomás eu ia tomar medidas. No meio de uma festa de Natal com mais de duzentas crianças em placo estava eu a defender o meu filho. Poucos se aperceberam do que aconteceu, porque foi tudo muito rápido mas aconteceu e é incrível isto acontecer numa festa onde se celebra o amor e a paz. É impossível não questionar onde estão os valores daquela criança que mais tarde vai crescer...
O Bullying existe, não é nenhuma brincadeira, afecta vidas, destrói famílias e sonhos e cabe a nós lutarmos contra isso.
Não é fácil lidar, cada pontapé que vi, era como facas a espetar no meu coração. Que dor!
E assim uma festa que tinha tudo para ser bonita, com uma das melhores mensagens, é destruída em três tempos por uma criança de cinco anos que se acha superior ao outro.
Desculpem! Podia ter escrito que tinha corrido tudo bem e que tinha sido mais uma festa fantástica mas para além de vos mentir, estava a mentir a mim própria.
E este cantinho faz parte de mim, e quem me lê pode ter a certeza que só vai encontrar verdade.
Desejo mais paz no mundo, por nós mas acima de tudo 3pelas nossas crianças.
Um beijinho
Que grande mãe, muito obrigada por mais uma partilha real. Infelizmente triste, mas real 🙄
ResponderEliminarE um beijinho muito grande nesse coração.
Feliz Natal aos 5.
Olá. Sigo o seu blogue há imenso tempo. No entanto, nunca comentei. É dos únicos blogues que sigo. Contudo, ao ler este seu texto arrepiei-me é fiquei com lágrimas nos olhos, logo, não poderia deixar de lhe escrever algo. Tenho 2 filhos maravilhosos (claro, são meus��) e entendo perfeitamente as suas palavras. Eu, no seu lugar, teria feito exactamente o mesmo. É muito complicado, pensarmos sequer que os nossos filhos poderão sofrer nas "mãos" de outras crianças. Compreendo também quando diz que tinha tudo para ser um dia fantástico e acabou por ser talvez, um dos piores... Fique tranquila, relaxe e se o seu coraçãozinho ficar mais descansado, dê uma palavrinha à educadora para perceber melhor o porquê do que aconteceu... Vai ver que foi momentâneo. Um grande beijinho e um feliz Natal, cheio de saúde, paz e amor.
ResponderEliminarAndreia, tudo isto parte do que existe em casa... infelizmente ainda há muito... como sempre desempenhou o seu papel na perfeição... sabe o que me e veio à ideia? É pode até achar parvoíce... A dor de Maria ao ver Jesus em sofrimento �� mas o Tomás é um menino espectacular, com uma família linda e aquelas fotos estão espectaculares, imagino ao vivo! Um beijinho muito grande
ResponderEliminarPenso que essa criança de 5 anos e a sua família tem muito de aprender com o seu Tomás e a sua família...bjs e tudo de bom
ResponderEliminarQue crueldade 😭 nem consigo exprimir o que senti a ler este post 😭 beijinho e boas festas Andreia com muito amor que é coisa que felizmente não deve faltar nessa casa 😘
ResponderEliminarAté chorei ��. Faria o mesmo. Imperdoável
ResponderEliminarOlá Andreia, senti na pele o mesmo este ano. No meu caso foi o inverso (nao que isso seja fator ou desculpa, sou educadora e mãe, e para mim todas as crianças sao iguais). Durante a festa um menino 2 anos mais velho com NEE, deitou o meu filho 3x ao chão, pedi à coordenadora (que estava mais perto de mim) que fosse la intervir e a Sra limitou-se a colocar o meu filho ao fundo da sala, encostado à parede e pediu para ele nao ir ter com o outro menino. Na hora nao gostei, o meu marido foi falar com ela e perguntou se era a atitude correta, ela ainda ficou indignada e assim que a festa terminou fomos embora, ja nao ficamos para o lanche habitual de natal.
ResponderEliminarNo dia seguinte chamou-me e veio perguntar-me o que queria que ela fizesse, apenas lhe disse que gostava de tivesse falado com o outro menino, que se tivesse colocado entre ambos, que agisse. A sra disse que nao era a educadora do meu filho e nao devia fazer nada e ainda teve a distinta lata de me perguntar se estava descontente porque nao mudava o menino de escola �� fiquei pasmada. Como podem haver educadoras assim?a sra sendo coordenadora é responsável por todas as crianças, a ela e à restante equipa cabe evitar estas situações mas ao olhos dela agiram bem e nós pais é que estivemos mal.
Esta situação mostrou-me que nao adianta ser corretos em casa e ensinar os nossos filhos a praticar o bem se na escola, as responsáveis, não trabalham para o mesmo fim ��
Neste momento estamos à procura de nova escola e quem vai sofrer é o menino com a mudança.
Bem-haja à Andreia que luta para que todos os "Tomases" sejam iguais aos "Manueis" e às "Marias" porque a diferença está em quem a vê apenas �� beijinho e boas festas para vocês.
Sei muito bem da revolta, da sensação de cegueira, desnorte, angústia e profunda tristeza.
ResponderEliminarE é por ter vivido o que descreve que a alerto: vão tentar fazê-la passar por exagerada, hiper-reactiva, a origem do problema. Vão dizer-lhe que, nesse contexto, o termo "bullying" é desproporcionado. Não ouça. Não ponha em causa o bom senso nem o civismo. O que viveu foi mesmo um episódio de bullying na sua forma mais feia e arrepiante, por ter como protagonistas duas crianças de 5 anos.
Não pare,Andreia,não se cale. Do lado de cá só espero que a mãe do pequeno destituído leia esta sua publicação e reflita. Para essa mãe a minha última palavra: alguma coisa está a correr muito mal na formação desse filho. Se não consegue fazer melhor , peça ajuda URGENTE.
Andreia, o meu coração está com o seu! Tinha feito igual fosse mãe do T ou do outro menino, nunca poderia ficar impávida. Um beijinho e parabéns.
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