É sinal que está a crescer!
Qual o motivo da diversificação alimentar se iniciar numa idade específica?
A necessidade de introdução de outros alimentos acontece quando o leite sozinho já não é suficiente para os requisitos nutricionais do bebé. Por exemplo: os hortícolas e cereais apresentam grande biodisponibilidade para o ferro não-heme, já a carne e o peixe são importantes fontes de ferro heme.
Esta introdução não deve acontecer antes dos quatro meses, nem depois dos seis meses e meio. Só a partir desta idade o bebé atinge o desenvolvimento corporal necessário e está pronto para responder com competências adequadas para este novo desafio. Exemplo disso é: a capacidade de segurar a cabeça, a estabilidade do maxilar e a maturidade dos vários sistemas corporais.
Reforço sempre que cada bebé é único, terá o seu ritmo e algumas necessidades específicas, por isso, uma avaliação pelo profissional que vos acompanha é sempre útil e desejável. Claro está que é também uma etapa muito influenciada pelos hábitos culturais e familiares, que devem ser atendidos e incorporados neste processo.
Os alimentos oferecidos ao longo desta etapa influenciam os hábitos alimentares futuros: curioso perceber em alguns estudos que os bebés que consumem maior diversidade de legumes na fase da introdução de novos alimentos consumiam mais legumes aos seis anos.
A OMS* é peremptória quando refere que um bebé a realizar leite materno exclusivo não necessita de qualquer outro alimento para satisfazer as suas necessidades nutricionais. E habitualmente esta é a regra.
Sei que por vezes ficam “confusos” pois quando comparam a alimentação do vosso bebé com outros poderão encontrar diferenças. Pois bem, é uma área em constante estudo e evolução, apesar de existirem diretrizes. Deixo-vos com as últimas orientações:
Aspetos a ter em conta durante esta etapa:
- Os alimentos devem ser introduzidos com intervalos de tempo entre si, sendo repetidos durante no mínimo três dias afim de se detetar alguma reação.
- Lembrar que estamos a iniciar o processo de ensinar alimentação…o contato com sabores novos, o amargo e o azedo, as texturas novas, oferecer alimentos saudáveis, vai ensinar quais os alimentos que devem constituir maioritariamente a sua alimentação, é uma etapa super importante que se perpetua e influencia o futuro alimentar da criança.
- Conforme o bebé vai crescendo deve-se oferecer alimentos progressivamente mais sólidos proporcionando o mastigar, muito importante para o desenvolvimento da musculatura ora, que também influenciará a linguagem.
- Não adicionar sal ou açúcar à dieta do bebé até ao primeiro ano de vida. Mesmo após esta idade não estimular o bebé para estes aditivos, lembrando que estão associados a problemas cardiovasculares e metabólicos.
- Os estudos mais recentes contrariam a ideia de adiar a introdução de alimentos potencialmente alergénicos? Pois é, por ex. na introdução dos ovos, as novas indicações referem ser seguro logo aos 6 meses e que isso está associada à redução do risco de alergia a ovos. O mesmo acontece com o amendoim…oferecido em manteiga de amendoim (atenção às açucaradas/industrializadas) entre os quatro e onze meses. No entanto com relação a estes alimentos consultem e aconselhem-se com o profissional que vos acompanha enfermeiro ou médico. A ideia é não retardar…mas supervisionar possíveis reações.
- A partir dos dez meses a alimentação do bebé deve ser constituída por uma sopa e segundo prato onde deverá constar massa/arroz/batata e a proteína. Assim, a sopa já deverá somente conter os hortícolas para não existir excesso de proteína.
- Não está recomendado o uso de chás.
- Bebidas açucaradas não estão aconselhadas, incluindo sumos de fruta que incentivam procura do sabor doce com rejeição da água e podem causar cáries.
- O mel não deve ser oferecido antes do primeiro ano de vida pela sua associação ao botulismo infantil.
- O momento da alimentação deve ser encarado como uma atividade em si própria, desenvolver o gosto e o interesse pelos alimentos deve ser um objetivo. Assim não devem ser associados métodos distrativos como a televisão.
- A alimentação não deve ser utilizada como recompensa.
- A partir dos dozemeses a criança não deve ser acordada para se alimentar. Durante o dia a quantidade de alimentos oferecidos deverá adequar-se ao nível de saciedade de cada criança, ainda que balizando com as orientações existentes para não atingir extremos.
A enfermeira
Ângela Baptista
b_a_badobebe@hotmail.com
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(*) OMS – Organização Mundial de Saúde
Principais fontes bibliográficas:(*)Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida: um presente para o futuro. E-book n.o 53. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2019. EFSA Panel on Dietetic Products, Nutrition and Allergies (NDA). Scientific opinion on dietary reference values for energy. EFSA Journal. 2013; 11(1):3005.JAMA. 2016 Sep 20;316(11):1181-1192. doi: 10.1001/jama.2016.12623; Pietrobelli A, Agosti M, Group MN. Nutrition in the first 1000 days: ten practices to minimize obesity emerging from published science. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2017; 14:1491.
(*) OMS – Organização Mundial de Saúde
Principais fontes bibliográficas:(*)Associação Portuguesa de Nutrição. Alimentação nos primeiros 1000 dias de vida: um presente para o futuro. E-book n.o 53. Porto: Associação Portuguesa de Nutrição; 2019. EFSA Panel on Dietetic Products, Nutrition and Allergies (NDA). Scientific opinion on dietary reference values for energy. EFSA Journal. 2013; 11(1):3005.JAMA. 2016 Sep 20;316(11):1181-1192. doi: 10.1001/jama.2016.12623; Pietrobelli A, Agosti M, Group MN. Nutrition in the first 1000 days: ten practices to minimize obesity emerging from published science. International Journal of Environmental Research and Public Health. 2017; 14:1491.
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