A Guerra só se ganha se vencermos as batalhas

18.6.20
É nas férias, que vejo as suas conquistas adquiridas nas terapias e que tantas vezes são ofuscadas pelo dia a dia.

Vê-lo feliz e a corresponder com o esperado para a sua idade (mesmo que em algumas coisas tenha uma dificuldade maior) faz-me crer que todos os sacrifícios feitos, as lágrimas e a frustração valem a pena. 

É como se ele fosse guardando os seus trunfos e quando se sente livre lança-os de uma forma brilhante.

Está a crescer a olhos visto, aos poucos deixa de ser o meu primeiro bebé. E nunca me lembrei tanto dele bebé como agora.

Como é possível já estar a caminho dos seis anos? Quando ainda lhe sinto o cheiro de quando nasceu.

Oh tempo...

Que saudades de o ter nos meus braços.

A trissomia tirou-me o seu primeiro ano, porque a minha cabeça estava mais focada com o seu desenvolvimento. Hoje ele cresceu e eu sinto que ficou tanta coisa por lhe dizer.

Nunca em momento algum duvidei dele, mesmo quando tive uma médica a dizer-me
 "que se escolhesse um filho por catálogo nunca o escolheria". 
Sei que virei maluca para muitos, heroína para outros mas nunca duvidei dele.

Não perdi tempo a lamentar-me e ainda hoje agradeço ao meu marido por ter dito:
 "chorem tudo hoje, porque amanhã ninguém chorará mais"
E assim foi até aos dias de hoje!

Desbravei caminhos obscuros, enfrentei preconceitos e acreditei naqueles olhos achinesados mais que em mim própria.

Apertei-o contra o meu peito e jurei-lhe aceitação!

Cinco anos depois vejo-o autónomo, come, veste-se, lava os dentes e toma banho (com ajuda e supervisão) sozinho. Fala com "estranhos" como ninguém, diz bom dia a quem passa por ele, que nos tempos de hoje até soa a estranho.

Corre, pula e vive a vida de uma forma mágica. Invejo-lhe a sua forma estar e o seu brilho no olhar.

Fala tudo e não se envergonha a pedir o que quer. E é aqui que se centra a minha vitória!

Ainda não vencemos a guerra, mas já perdi a conta das batalhas ganhas.

Lutei sempre muito pela sua comunicação. Sabia que seria aqui a sua maior dificuldade, fui contra os gestos quando tive terapeutas a dizer-me o contrário. Exigi, repeti as palavras vezes sem conta, apostei nas melhores terapeutas e hoje quando o vejo a pedir tudo, a formar frases, mesmo que ainda sejam curtas, e a fazer amigos sem problemas deixa-me orgulhosa e com a certeza que sempre tive certa.

Hoje é ele a minha maior vitória, o meu maior orgulho!

A pessoa que mais admiro pela sua resiliência e que me faz sonhar todos os dias com o impossível.

Com consciência que ainda temos um longo caminho pela frente mas com a certeza que nunca em momento duvidarei das suas capacidades.

Porque se eu acreditar, ninguém ousará não acreditar!

Por isso meu filho, continua este bonito caminho e nunca te esqueças que tens a estrela mais cintilante a olhar por ti.


Fotografia | Centrimagem 







2 comentários:

  1. Lindas palavras, e para quem "vive" as conquistas do Tomás quase desde o início, é tão bom sabe lo tão bem. Não desistam nunca, são uma inspiração. Beijinhos

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