Voltaram à escola

4.8.20
Foi no dia 11 de Março que fui à escola buscar os meus filhos, ainda meio confusa com as notícias que me chegavam.

Nos olhares já se via medo e incerteza por um futuro que nos fugia das mãos. Lembro-me de ter ido às suas salas e ter levado todos os seus pertences. Foi uma sensação estranha. Senti medo. Agarrei neles e saímos, eu de lágrimas nos olhos e eles radiantes porque tinham tido mais um dia de escola.

Naquele dia as certezas deram lugar às incertezas, não sabia sequer se voltariam no outro dia, ou quando voltariam.

O que é certo é que esse foi o último deles na escola. E de um momento para o outro nós pais assumimos o comando com todas as dificuldades que uma telescola e um teletrabalho exigem.

O caminho foi duro, reinventei-me vezes sem conta, esgotei o meu lado criativo, chorei de frustração e dei grandes passeios em família no meio da natureza como nunca tinha dado.

Foram dias que deram lugar a semanas e a meses sem fim.

Hoje, quatro meses depois, decidi levá-los à escola. Precisava que fechassem um ciclo para que em Setembro se abra outro.

O Tomás vai deixar a escola que o acolheu de braços abertos durante três anos e o Francisquinho embora continue na mesma escola queria que voltasse para rever os amigos.

O Tomás já sentia muitas saudades e não podia de todo meter uma borracha a três anos da sua vida sem qualquer despedida.

Voltaram felizes! Pelo menos o Tomás estava radiante, o Francisquinho mais apreensivo porque o que ele gosta mesmo é de estar na sua zona de conforto mas até ele quando o fui buscar me disse que "a escola tinha sido muito fixe".

Não tive medo, a escola está muito organizada e praticamente vazia mas custou enfrentar aqueles portões que mostram uma realidade que ainda custa admitir: máscaras, álcool desinfectante e distanciamento entre os pais e a escola.

Será certamente uma semana repleta de brincadeiras para ele, e em que nós pais voltámos a ter "folga" para trabalhar sem interrupções por um xixi ou um copo de água.

Sexta-feira fecha-se um ciclo incerto com esperança de termos um Setembro risonho.




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