Dez meses passaram desde o último fecho das escolas e eu ainda não quero acreditar que tudo voltou ao mesmo.
E embora na minha opinião, tenha sido a melhor decisão, deixou-me receosa dos próximos meses. E agora? O que será feito do nosso país? Com uma economia a ser obrigada a parar a fundo e com um sistema nacional de saúde a gritar por ajuda?
As crianças uma vez mais ficam privadas do ensino e dos seus amigos, e nós pais voltamos a ver a nossa vida revirada do avesso. Com a diferença que emocionalmente estamos todos mais desgastados.
E nem o tempo acinzentado tem ajudado a ver os próximos tempos mais coloridos.
Dói-me a cabeça, e tenho estado numa luta interior comigo própria para não cair nesta inércia. E nem os mais optimistas como eu, conseguem sentir esperança nestes próximos tempos incertos.
Tenho medo do que nos espera. Tenho medo por mim, pelos meus pais, pelos nossos hospitais e pelos meus filhos.
O Tomás está num ano crucial, para o ano passará para o primeiro ciclo, e este ano é muito importante. Sei que não tenho as competências de uma professora e sinto-me perdida por saber que falharei redondamente nesta tarefa. Também sei que por agora é por quinze dias mas a experiência do ano anterior leva-me a não ter essas certezas.
Não será uma luta individual, mas uma luta conjunta por um vírus que nos tem tirado tanto. Na verdade também já nos deu coisas positivas, mas já estava na hora de parar! De voltarmos a recuperar o tempo perdido.
A nossa vida nunca mais foi normal, nunca mais nos deitamos tranquilos com o dia de amanhã e temo que esse dia demore a chegar.
E na Sexta-feira, quando em cinco minutos fiz as malas para me encontrar naquele lugar que tanta paz me transmite, estava longe de imaginar que ficaria aqui "presa" por um fim indeterminado.
Não temos muitas coisas aqui, não as trouxe porque seriam apenas só dois dias, tenho roupa prática e também na verdade, em casa, não precisamos mais que isto.
Temos comida suficiente para umas semanas. Os brinquedos que temos aqui são aqueles para entreter por curtos períodos de tempo.
Tenho canetas, lápis e tintas deixadas aqui do último confinamento, mas que neste momento ainda não lhes consegui tocar.
Falta-me coragem!
Sei a pressão que meti sobre mim no passado e sei que não quero voltar a chorar o que chorei.
Mas neste momento preciso de tempo para recompor-me do abanão que voltamos a ter.
A vida voltou a tremer e cabe a nós agarrar-nos a ela.
Não está fácil para ninguém! Não nos vamos deixar iludir pelo que vemos nas redes sociais. Vamos sim fazer o melhor que podemos, por nós e pela nossa família.
Chegou a hora, de vivermos a vida real! Porque o mundo está a virar-se contra nós.
Não era suposto hoje ter escrito sobre isto, mas com tanta coisa a acontecer, não me sinto bem em mostrar um lado cor de rosa, quando neste momento não existe. Seria só utopia. E eu sempre vos prometi veracidade...
Protejam-se!
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