Lembro-me como se fosse hoje, o dia em que a Andreia disse: "vem aqui à sala, que temos que falar". Estava a começar a dar-lhes o jantar e larguei tudo, percebi de imediato pela sua voz, que algo não estava bem. Nessa fração de segundos, ocorreu-me que seria com o bebé. E de lágrimas nos olhos disse-me o que estava a acontecer. Como pai, foi impossível também não conter as lágrimas e ali ficámos na sala a chorar abraçados um no outro.
Para mim foi um misto de emoções, muito triste por perceber que não havia nada a fazer e que íamos perder o nosso quarto filho e preocupado porque não queria que a Andreia em momento algum estivesse em perigo. O meu medo foi tanto que a minha minha primeira pergunta foi se ela corria perigo e se ficaria com algum tipo de mazelas além das emocionais.
Quando os meus amigos perguntaram-me como é que eu estava, a minha resposta era sempre a mesma: "É uma situação muito triste, que ninguém equaciona mas para a Andreia é mil vezes pior, porque é ela que carrega o bebé na sua barriga e consequentemente é ela que vai ter de passar por um parto."
Pode ser a minha maneira de ser, sou muito objetivo, pragmático e tento ultrapassar sempre as pedras do caminho com positivismo. E independentemente da minha dor, para um pai é sempre mais fácil pois não é o nosso corpo que foi violado e nem somos nós que passámos por um parto.
Um abraço