Um novo "Setembro"

15.3.21

Quando percebi que as escolas iam fechar chorei muito, perdi-me em pensamentos negativos e duvidei da minha sanidade mental.

Dei tempo ao tempo, a mim e a eles. Primeiro vivemos em auto gestão. Depois encarei como se fosse umas férias, onde por momentos não houve trabalhos, escolas online e horários definidos.

Pelo meio percebi o que eles queriam e o que não queriam. 

Por fim, reorganizei as ideias, defini um plano. E ao contrário do confinamento passado troquei o campo pela cidade. Pedi ajuda e criei um plano diário, onde coubesse um bocadinho de tudo, desde a casa, à escola, ao trabalho.

Nos tempos livres fui apenas gestora de conflitos e de emoções.

O plano que tracei não dava margens para erro, estava muito bem definido. Eram três horas produtivas, e houve momentos em que foram o meu balão de oxigénio.

Quando as dez horas batiam eu vestia o meu melhor papel de professora, sorria e sentávamo-nos numa mesa de trabalho. 

Ali passava-se tudo, desde as teleescolas que na maioria eram feitas apenas com um corpo presente, às atividades propostas.

Foi cansativo e muito. O ensino não é o meu forte e muitas vezes tive de contar até dez para expirar e inspirar.

Dancei o tango com eles para tornar tudo mais fácil.

Tenho consciência que aprendemos de forma divertida e simples.  Aprendi com eles e eles comigo. Eu ganhei paciência e eles amor e competências.

Crescemos acima de tudo juntos!

Lutámos de mãos dadas juntas! O Francisco e o Tomás foram as forças e a fraquezas um do outro. E que bom foi ver um filho a ensinar o outro. Tantas vezes senti orgulho deles.

Conheço-lhe as dificuldades e as virtudes e só por isso valeu a pena. 

Mas embora houvesse um plano bem definido, andava exausta e tinha dias que precisava de respirar além do ar dos meus filhos. 

Hoje entreguei-os com a certeza que lhes dei boas memórias! Mas agora a escola espera por eles porque eles precisam de ser apenas crianças.

Hoje o meu coração tremeu, como em Setembro. Por agora ficam as memórias e umas saudades imensas.



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