Há quem acredite e quem não, mas eu acredito que a forma que se nasce interfere na ligação entre mãe e filho.
O Francisquinho nasceu de quarenta semanas mas sem estar preparado para nascer. Fui aconselhada pelo meu médico a induzir o parto porque "sim", porque eram já quarenta semanas e mesmo não querendo confiei e cedi.
No entanto quero ressalvar que confio no meu médico a 200% daí ter cedido mas hoje sei que se voltasse atrás jamais provocaria um parto sem nenhum motivo aparente.
Até porque as semanas nem sempre batem certo com o "real" por isso acredito que podia ter esperado mais um bocadinho, tal como aconteceu com a Constança.
Foi um parto induzido, com um processo super invasivo e anti natura, que culminou numa cesariana de urgência com o ctg a acusar sofrimento fetal.
E nesse momento percebi que tinha obrigado o meu filho a nascer quando ele ainda não estava preparado para o fazer.
Nasceu bem mas recusou o berço desde o primeiro segundo, só ficava tranquilo comigo, dormiu dois anos agarrado a mim. E não foi porque eu quis, ou que o tivesse habituado mal, já tinha experiência de outro filho, por isso esse não foi o motivo.
Mas acredito que a forma abrupta que nasceu está relacionada diretamente com a ligação que tem comigo. Nem eu nem ele estávamos preparados para que ele nascesse.
Ele precisava do seu tempo como bebé e eu precisava do meu como mãe. E está tudo certo!
Já li muito sobre o assunto e de facto não existem dias certos para os bebés nascer, a não ser que se verifique complicações para a mãe ou para o bebé.
No entanto sou "leiga" no assunto, não sou médica, mas sou mãe e esta é a minha opinião baseada na experiência que tive.
Mas tudo isto originou apego emocional. É o filho que mais precisa de mim. A ligação que temos vai muito além do "bonito" e do razoável. Ter um filho que vive a querer dormir agarrado à mãe, a pedir para que a mãe não trabalhe, a querer casar com a mãe e a querer ficar com a mãe para sempre. Não é bom! É doentio! É uma ligação que tem tão de bonito como de exagerada.
E a prova disso é que é visível aos olhos de todos.
E se antes adorava e achava a maior graça, hoje tento lhe mostrar que a mãe, gosta dos irmãos e do pai tal como gosta dele, que a mãe já casou e que ele também casará mais tarde e consequentemente sairá da casa da mãe.
Para tudo é mãe!! E eu como mãe, adoro, é um facto! Mas começo a ter consciência que não é bom, até porque já procurei ajuda externa e a opinião foi unânime. Existe um apego emocional tão grande que lhe provoca insegurança.
Sei que protegi sempre mais este meu filho, sabia o quanto o Tomás brilhava por si e não queria que em momento algum ele sentisse isso, por isso sempre o evidenciei, o amparei e o protegi mas nas entre linhas validei-lhe comportamentos que atenuavam a sua insegurança.
Por ele vivia grudado em mim e eu como mãe também, mas não é certo. E existe uma altura na vida que também temos de nos meter em causa e tentar ir por outros caminhos.
Houve comportamentos que alterei de uma forma muito "leve", nomeadamente ao dizer-lhe que a mãe já era casada com o pai, ao contrário de ficar toda feliz quando o ouvia dizer isso, deixei de o acompanhar quando me pedia e incentivava-o a ir sozinho, passei a dizer-lhe que a mãe estava ali mas que ele era capaz de ir sozinho.
São pequenas coisas fazem a diferença.
O apego emocional não é algo bom ao contrário do que se possa pensar e pode tirar mais do que nos dá.
Acima de tudo quero que o meu filho seja feliz, autónomo e seguro de si próprio. Um dia saberei que ele vai bater asas e quero que ele esteja preparado para as bater por mais que o meu coração chore por dentro.
Como mães cabe a nós estarmos atentas e lutarmos pelo bem estar emocional dos nossos filhos, mesmo quando nos dói a alma.
E isto sim é AMOR!