Por uma Educação Mais Inclusiva

21.10.21

Uma das maiores dificuldades em ter um filho com necessidades especiais não é o "peso" que eles nos possam dar, porque isso depende da forma como encaramos a vida.

A minha escolha, e da nossa família, foi levar a vida de uma forma leve e não me tenho saído nada mal, encontrei na diferença uma felicidade que achei impossível de sentir.

E por incrível que possa parecer, não trocaria a trissomia do meu filho, e embora não queira que esta assuma o papel principal na sua vida, faz parte dele e como tal também o define como ser humano.

O problema não é a sua trissomia, ou mesmo as suas dificuldades. O problema é um sistema que se diz inclusivo mas que dificulta até as coisas mais simples.

O Tomás desde sempre que foi acompanhado por equipas multidisciplinares porque se houve coisa que aprendi é que no desenvolvimento não existe a terapia perfeita, ou até mesmo o método perfeito mas sim um conjunto de valências que as tornam infalíveis.

De nada serve ele ter as melhores terapias, se em casa ninguém acredita, dá a mão ou diz bem baixinho "continua, tu consegues". O mesmo se aplica à escola. A escola pode ser perfeita, pode ter todas as condições necessárias mas se esta não quiser trabalhar em paralelo com a equipa de terapeutas que o acompanham, de pouco serve!

O sucesso do Tomás deve-se primeiramente a ele mas a uma equipa inteira que acredita e tudo faz para que aconteça o impossível.

É com esta máxima que acredito que o sucesso do Tomás na escola se deve ao nosso empenho como pais e ao trabalho entre a escola e as terapeutas.

Mas infelizmente nem sempre o caminho é fácil e neste momento travo talvez uma das maiores batalhas que alguma vez pensei em travar.

Talvez fosse a minha forma "leve" de ver as coisas ou até mesmo a minha ingenuidade a "falar mais alto" mas achei que em pleno século XXI, num sistema que se diz inclusivo, não houvesse uma diretora a dizer que não ao trabalho articulado entre a escola e as terapeutas. Proibindo as professoras que o acompanham (Professora do ciclo e de ensino especial) de fazer uma simples reunião com as terapeutas que o acompanham. 

Terapeutas estas, que o conhecem desde os seus cinco meses, que o conhecem com ninguém e que são uma mais valia para a escola.

Já escrevi cartas, até já apelei ao bom senso, a terapeuta do Tomás até já entrou em contacto por telefone com a diretora, já tudo fizemos para demover o "não" mas a resposta é sempre a mesma.

Não! Mas porquê? Porque eu não quero!!

Surreal, não é? Pois é, mas isto acontece! No ensino público, num sistema que se diz inclusivo.

Pois bem posso afirmar que isto é tudo menos inclusivo. E chama-se abuso de poder! 

Um trabalho que pode ser mais fácil para ambas as partes é dificultado por uma senhora que está numa secretária a ditar ordens.

E enquanto faz isso as crianças são tidas como objetos, prejudicando o percurso escolar de futuros adultos.

A atitude a tomar, parece-me simples, mudar de escola! E eu até o posso fazer mas antes vou tentar, vou lutar e vou até ao fim do mundo para mudar uma ordem que não é fundamentada.

O Tomás gosta da escola, tem os seus amigos e acho que não é ele que tem de sair prejudicado.

Já expus esta situação em todas as entidades competentes, mas infelizmente as burocracias levam-me a ter paciência e nessa paciência o Tomás perde e as suas professoras e terapeutas têm o dobro do trabalho. 

Sei que posso não ganhar esta guerra, vou ter que desbravar muitos caminhos e até lobbys, mas estou pronta para lutar pelo meu filho e por todas as crianças que vêm o seu percurso ameaçado por um sistema que até ao momento é tudo menos inclusivo.

O Tomás é o Adulto do futuro e não podemos permitir que condenem o sucesso académico só porque apetece dizer não.

Se o tiver de mudar de escola, mudarei porque o mais importante é o seu bem estar mas antes é preciso dar um murro na mesa no sistema "inclusivo".

Pouco ou nada podem fazer mas peço-vos que partilhem pois quantas mais vezes se falar disto mas próxima (e sei que mais famílias também) estarei das pessoas competentes para resolverem este assunto. Eu não quero ir aos Anjos, quero chegar a Deus.

Isto não é uma luta minha, mas uma luta de muitas famílias!!






7 comentários:

  1. Sempre as pessoas. São sempre as pessoas que são a peça fundamental na inclusão. Os problemas raramente estão nas leis, ou regulamentos, mas sim nas pessoas.
    Obrigada por lutar, porque ao lutar pelo seu filho, está a lutar por todos os meninos que precisam de pessoas mais humanas, empáticas e profissionais à frente das escolas.
    Relembra-me a reportagem, da menina que com diabetes- insulino dependente, que tinha uma coordenadora da escola, que não autorizava que se pesasse os hidratos de cabornos que lhe serviam no refeitorio, ou que não autorizasse que ela comesse no refeitorio comida trazida de casa.

    ResponderEliminar
  2. Não há justificação... não se percebe.
    Não posso fazer muito... mas já partilhei o texto!
    Força!

    ResponderEliminar
  3. Bom dia. Sei bem do que fala e as minhas duas filhas tem " apenas"Dislexia moderada e ligeiras dificuldades de aprendizagem. Estou nessa luta há 4 anos. Quase a roçar a insanidade. Mas diabos me levem se vou desistir.
    Muita força. O Amor que temos aos nossos filhos faz-nos incansáveis.

    ResponderEliminar
  4. Mas existe uma lei que é bem clara quanto a isso. O Tomás tem que ter uma EMAEI constituída onde devem entrar todas as pessoas que o acompanham:pais, terapeutas, etc
    Lamento que isto se esteja a passar, mas penso que não é transversal a outros agrupamentos.

    ResponderEliminar
  5. Eu não tiraria o Tomás da escola! Fazer isso é dar uma vitória a essa diretora.
    É um gosto que a Andréia lhe dá e em consequência fica o Tomás sem os seus amigos e sem o seu ambiente que tanta felicidade lhe deve causar!
    Tem entidades como a Drel, o ministério da educação que estão acima dessa senhora!
    Infelizmente as escolas dizem-se inclusivas e depois camuflam este tipo de situações… não permita! Força

    ResponderEliminar