A dificuldade não são as suas dificuldades ou limitações. Atrevo-me a dizer que aprendemos mais com eles do que eles connosco, conhecemos um mundo mais puro e onde se vive a agradecer as coisas mais simples da vida.
E a isso eu chamo-lhe privilégio!
Mas tudo tem o outro lado e nem tudo é "cor de rosa", tem dias cinzentos.
Eles precisam de ser estimulados, de ser ensinados de forma precoce e isso não se alcança com tostões. Não é como inscrever um filho na natação. É muito mais que isso.
Chega a ser um ordenado mínimo todos os meses só para lhes darmos tudo o que merecem e para que no futuro a sociedade os veja como pessoas capazes e iguais a tantos outros.
É aqui que entra a sorte, a chamada "sorte de berço". Aqui ou se tem ou não. Há quem tenha e lhes dê um mundo de oportunidades e isso é notório no seu desenvolvimento mas também há quem trabalhe arduamente todos os dias para que a comida não falte na mesa. E quando se fala disso pouco ou nada se pode fazer. Os milagres não existem!
A responsabilidade não devia ser nossa mas do estado. Devia ser dever do estado apoiar e dar as mesmas oportunidades às famílias que não conseguem suportar tamanhas despesas.
É caro, muito caro! Digo em jeito de brincadeira que tenho o meu filho no melhor colégio do mundo face ao que pago pelas suas terapias.
É um facto que é um investimento! Mas também é um facto que vale a pena...
E é triste uns terem essa sorte e outros não terem.
Houve coisas que abdiquei para lhe dar, claro, mas as terapias nunca tiveram entre por ou não comer na mesa, e conheço casos (mais do que queria) em que isso acontece.
Pais que abdicaram de sonhos, ou até mesmo de ampliar a família, por o dinheiro não chegar para tudo.
Não é fácil e chega a ser revoltante!
O estado devia olhar mais por estas famílias e crianças que tanto precisam mas que não conseguem. Mas enquanto o governo continuar a achar que cem euros por mês é o suficiente estas crianças nunca se tornarão adultos autónomos e isso também sairá caro num futuro próximo. A criança de hoje é o adulto de amanhã e muitas vezes isso é esquecido.
Não falo de ter ou não roupas de marcas ou a última novidade de videojogos, falo-vos de terapias que são cruciais para o desenvolvimento das crianças pois são elas que definirão o seu futuro.
E isso não sou eu que digo, é o que vejo em sete anos do mundo de necessidades especiais.
Por isso este ano o Desenvolve-T criou um crowdufunding para ajudar crianças com necessidades especias em que as famílias têm carências económicas. Ao todo ajudámos cinco crianças. Obrigada a todos que contribuíram e ajudaram estas crianças que tanto merecem.
E como estamos no Natal a Pés de Cereja, juntou-se a nós e criou uma pulseira solidária, com um valor simbólico de 2.5€, em que o dinheiro vai reverter para ajudar outras crianças que tanto precisam. É caso para dizer com tão pouco podemos fazer a diferença na vida de alguém.
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