Maria Teresa

6.7.22

A experiência dá-nos maturidade, faz-nos simplificar e só por isso prepara-nos da forma mais natural que existe.

Ao todo são cinco gravidezes, cinco partos,  e apesar de uma não ter corrido como desejado, foi uma gravidez de curta mas bonita.

Mas esta foi a gravidez mais desafiante de todas, por isso mesmo, porque já contava com quatro gravidezes, porque a idade também já não é a mesma e porque tinha mais filhos para cuidar.

No entanto apesar de muito cansativa, foi vivida da melhor forma possível, sem medos ou sustos. 

Tudo se preparou sem tempo, é essa a principal desvantagem de termos já experiência, saber que apesar de não termos nada, temos tudo. Não complicamos porque sabemos que o bebé não precisa de mil body's, botinhas e golas, nem tão pouco precisa de um berço pronto. O que precisa é de uma mãe e de uma família de braços abertos para o receber.

E a prova disso foi só ter feito a mala da maternidade, no dia que completei as 38 semanas. Mas aqui não sigam o meu exemplo, é uma ansiedade enorme, todos os dias sentia que as águas me rebentavam e até acho que cheguei a sonhar com contrações, tal era o meu medo de não ter tudo pronto no dia.

E se há coisa que a experiência nos dá é tranquilidade e sensatez. E o parto é daquelas coisas que não devemos criar grandes expectativas, é tudo muito incerto. É importante estarmos informadas do que queremos e não queremos, mas de pouco adianta fazermos planos e mais planos porque a probabilidade de nada acontecer como previsto é muito elevada e pode gerar frustrações.

É importante acima de tudo escolhermos um médico que nos respeite, que vá de encontro às nossas vontades e que nos transmita a calma necessária para o grande dia. E confiar!

E assim foi, nos meus partos, todos!

Já numa fase avançada, em que todos os dias é um respirar fundo, para o que ai vem, todos aqueles sinais anteriores dissiparam-se. Nas consultas de rotina, o meu médico dizia-me de uma forma segura "A Andreia vai passar as 40 semanas" e não se enganou.

Entrei nas 40 semanas sem sinais de alarme, passou-se um, dois, e ao terceiro dia, ao anoitecer as contrações chegaram com toda a força. No início não liguei porque podia ser apenas um sinal de alarme, mas cada hora que passava estavam mais regulares e fortes. Pouco ou nada dormi e assim que amanheceu mandei mensagem ao meu médico, ao que me disse para estar tranquila, que não era sinal de alarme, e que se fosse para o hospital ficaria ali horas.

Segui o seu conselho, tomei banho e fiz a minha vida normal, embora já com algumas limitações, avisei os meus filhos que a mãe ia ter o bebé, mas ao longo do dia as contrações diminuíram e quando os fui buscar, nem queriam acreditar que a mãe ainda ali estava e sem o bebé.

A noite apareceu e com ela vieram contrações ainda mais fortes, as horas passavam e a intensidade aumentava, até que bem perto da meia noite enviei mensagem ao meu médico, ao qual me respondeu para ir às urgências e para o manter informado.

Assim que dei entrada nas urgências, as contrações desapareceram, fui vista, um colo permeável, e com ligeiras contrações.

Conclusão, fui para casa!

E foi aí que tudo aconteceu, na minha sala, com contrações que me impossibilitaram de dormir, em que já sem posição senti dores que jamais imaginei sentir.

Naquela altura senti que tinha entrado em trabalho de parto mas ali fiquei sozinha, enquanto todos dormiam. 

Tinha consulta às 9h da manhã por isso estava tranquila. Amanheceu e as dores já pouco me deixavam estar em pé.

Ainda consegui tomar banho, vestir-me. O meu marido foi deixa-los à escola e assim que voltou fomos.

Entrámos no hospital e tinha precisamente doze pessoas à minha frente, ainda tentei esperar pela minha vez, mas não consegui, pedi para que entrasse de imediato no CTG porque eu estava em trabalho de parto.

E assim foi, um CTG louco e umas dores ainda maiores, quando saí fui diretamente à assistente do meu médico, porque já não tinha mais forças, fomos de imediato para o seu gabinete e assim que ele me viu: "A Andreia está com cinco dedos de dilatação, não sei como aguentou, coitadinha de si. Vai já para o bloco"

Naquela altura,  eu já só pedia pela epidural, "corremos" aqueles corredores. Pediram a primeira roupa do bebé, e estava tudo no carro. Fiquei e o Bernardo foi tratar de tudo.  

Levei a epidural de imediato e fui ao Céu! Fiquei a desfrutar do momento. Liguei aos meus filhos por Facetime e todos ao longe estavam ansiosos pela chegada do mais recente membro da família.


As horas foram passando, mas de uma forma muito tranquila, a equipa deixou-me estar, estavam a monitorizar tudo à distância e apenas fui avaliada duas vezes e muito porque eu sou uma chata e queria saber em que ponto eu estava.



7 Dedos

Águas rebentam 

Reforço da epidural

Levanto-me e despeço-me da barriga no espelho.

10 dedos

O meu médico chega, o bebé está pronto. É grande e tem muito cabelo!

Vamos para o Bloco!

No entretanto a porta do quarto não abria e tive de ir de cadeira de rodas. Uma risada de todos, e fomos!

Eram 16.29h quando entrei no bloco. Tudo preparado!

"Andreia, o bebé é muito grande, vamos ver se não preciso de ajuda, "Oh Doutor, não quero, veja o que consegue". "Vamos ver Andreia". Faça força e mais uma vez força, e mais uma...

16.41h "É uma menina", a nossa Maria Teresa!



Foi um parto bonito, que me emocionou pela sua beleza e serenidade. Apesar da epidural, foi humanizado, respeitado e natural! E foi isso que sempre desejei, mesmo sem grandes expectativas!

Contacto pele a pele.

E assim me despedi da maternidade!

Um obrigada a toda a equipa da Luz e da Cuf, por terem sido sempre casa! Fui uma sortuda porque apanhei sempre equipas fantásticas.

A si, Professor Jorge Lima, o meu muito obrigada! Acredito que não saiba mas tenho um grande carinho por si. Obrigada por tudo! Sei que não gosta de muitas palavras, tal como eu, somos práticos e acho que isso fez com que nos lêssemos nas entrelinhas. Obrigada por me ter feito uma mãe ainda mais feliz! Vou ter saudades das esperas longas no seu gabinete. Até sempre 💛















 


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